Não estranhe se você ouvir a canção “Renasci” em alguma das milhares de rádios espalhadas pelo Brasil e se apaixonar na mesma hora pela letra e melodia. A faixa é a nova aposta de Zé Renato & Moriel, que dá nome ao terceiro CD da carreira e traz o estilo característico da dupla, retratando o amor em suas diversas facetas.
A união dos dois cantadores completa dez anos e, com a natural maturidade adquirida, eles vivem seu melhor momento. Linhas do surpreendente livro do destino fizeram com que Zé Renato, um paulista de Presidente Bernardes e Moriel um mineiro de Teófilo Otoni, se conhecessem num almoço na casa de amigos em comum, na capital do Mato Grosso do Sul, cidade em que fixaram residência. Depois de entoarem algumas modas (e perceberem a enorme afinidade de vozes e gostos até), saíram com o projeto de parceria esboçado.
Com muita força de vontade, ingrediente imprescindível numa receita que já contava com o talento, a carreira foi tomando forma. A determinação vinha de longe. Zé Renato, o primeira voz, sempre foi destaque de uma família numerosa, composta por dezesseis irmãos. Incentivado pela mãe, cantava hinos nas missas, em festas na escola primária e eventos cívicos. Moriel, filho único, acompanhava o pai, que tocava pé-de-bode (acordeom) nas populares folias de reis. O menino cantava e tirava som de seu pandeiro nessas festas religiosas.
As referências de ambos também são parecidas. Cresceram em cenário dominado por grandes vozes do sertanejo, a chamada época de ouro do gênero, em se tratando de interpretação. João Mineiro & Marciano, Trio Parada Dura, Milionário & José Rico, Di Paullo & Paulino, Matogrosso & Mathias, Chitãozinho & Xororó são nomes que afloram como espelhos para a dupla. O primeiro e segundo álbuns, “Deixa Rolar a Emoção” e “Meu Sofrimento”, já traziam muito da sonoridade proposta pela dupla com pitadas de influência desses ícones do sertanejo.
O álbum “Renasci”, já nas lojas de todo o Brasil e plataformas digitais, pode ser considerado um marco na carreira de Zé Renato & Moriel, pelo trabalho meticuloso na seleção do repertório e produção cuidadosa das faixas, assinada por Osiel Rosa. A primeira faixa escolhida para trabalho, composição de Zé Renato, mostra a qualidade do artista também como compositor. A moda é uma linda história de amor, que atribui o renascimento de alguém com a chegada de uma nova paixão.
A mesma paixão presente em “Bebendo Por Ela” (Zé Renato/Guido), só que desta vez não retribuída. Os únicos amigos nessa hora são a mesa de bar e o garçom, companheiro de noites intermináveis. Mas o mundo dá voltas. “Não Precisa Voltar” (Dacosta/Teddy Robby/Moriel/Zé Renato) prova que um novo amor é o melhor remédio para curar a dor do desprezo. “Sem Tua Pele pra Tocar”, composição de Guido e Monique Fortes, é outra das doídas, que expõe a tênue relação entre erro, perda e arrependimento.
O repertório, composto de dez inéditas, também tem canções dançantes e animadas. Uma das mais pedidas as emissoras de rádio e shows é “Nóis Mete a Cara Mesmo” (Guido). Afinal, quem consegue ficar parado aos versos de “Nóis mete a cara mesmo/Nóis põe pra derreter/Nóis toca até viola/Mas nóis canta pra valer/Cantando moda sertaneja/Até o dia amanhecer”? Refrão que define e sintetiza, em poucas palavras, a essência de Zé Renato & Moriel. Uma dupla que faz o que gosta, com extrema competência, foco e determinação ímpar.